Avançar para o conteúdo principal

O eleitoralismo incomoda, mas só agora

A medida dos passes promovida pelo Governo e apoiada pelos restantes partidos da esquerda é eleitoralista? Obviamente. Mas quem nunca pecou que atire a primeira pedra e o facto da direita só ter acordado para o assunto agora é sintomático da inépcia que reina para aqueles lados.
Perante a tibieza do argumento do eleitoralismo da medida, apregoa-se a injustiça da mesma. Afinal de contas quem paga a factura é o Estado e os beneficiados são os do costume: Lisboa e Porto. Na verdade, quem ganha é todo o país que incentiva a utilização de transportes públicos, com as também óbvias vantagens ambientais para todos.
Paralelamente, com esta medida que abrange todo o país, os valores a pagar pela utilização de transportes públicos regularmente finalmente aproxima-se do comportável, incentivando aqueles que já utilizam os transportes públicos a continuar com essa utilização e aqueles que ainda não o fazem a recorrer à aritmética para perceber o quão mais barato é essa utilização, comparativamente com o recurso ao automóvel particular.
A direita desnorteada poderia, isso sim, insistir na argumentação que postula a escassez e ineficiência das redes de transportes públicos. Em rigor, anda tudo a rebentar pelas costuras sobretudo nas áreas metropolitanas, como será quando mais pessoas adoptarem os transportes públicos regularmente? Este é o argumento mais sólido para criticar a medida do Governo.
Ainda assim, e no cômputo geral, esta é uma medida de grande importância, não só para a vida de cada um dos utilizadores, mas sobretudo para a vida em conjunto num país que seguramente quer estar na linha da frente do combate às alterações climáticas. Este é um bom princípio.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa