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E enquanto o Messias Coelho não regressa...

... As direitas juntam-se para acabar com o "longo inverno socialista". Trata-se afinal do Movimento 5.7, encabeçado por um dos mais fervorosos apaniguados de Pedro Passos Coelho, e que pretende lutar "contra o imobilismo socialista e a sua concepção hegemónica de poder". Quem leia estas frases julgará que regressámos ao período da guerra fria. Podem, no entanto, estar descansados porque tudo isto é o resultado de fome de poder e da perspectiva sombria de que tão cedo não voltarão a cheirar esse poder. Tudo misturado com as doses certas de demagogia pronta a ser consumida por imbecis. O resultado está à vista: movimentos como este 5.7 herdeira da pacotilha neoliberal de Passos Coelho e Movimento TEM que procura combater tudo o que não se enquadre no seu conceito de família e de sociedade. Em suma, estes movimentos são apenas o estrebuchar de uma direita sem rumo e sem perspectivas de futuro.
No caso do PSD, tudo se agrava com a existência de uma liderança pouco liberal que deixa a orfandade de Passos Coelho sequiosa. Consequentemente, não é de admirar que estes movimentos surjam agora para conquistar espaço e não deixar morrer a febre neoliberal ou dos "bons costumes" - é a isto que a direita está reduzida, com maiores ou menores doses de populismo. Não se trata de "um longo inverno socialista", mas sim uma longa travessia no deserto para um direita gasta e sem ideias.
Entretanto muitos sucumbirão à tentação de imitar o pior que a direita está a fazer na Europa e no mundo.

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