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A tomada de posse de um ditador

A frase em epígrafe provoca uma compreensível dificuldade de assimilação, desde logo porque não é todos os dias que um ditador assume os destinos de um país como o Brasil. Acresce que associamos, geralmente, uma tomada de posse a alguém que se prepara para proteger e consolidar a democracia, o que não acontecerá e não sou eu que o digo, é o tal de Bolsonaro, agora Presidente do Brasil, que nunca fez questão de esconder. 
A maioria escolheu este caminho e muitos afirmarão que cabe ao resto a aceitação. Ora, não será bem assim. Desde logo, a democracia, a tal que é bicho estranho para fascistas em potência, abraça o pluralismo e não o caminho único e a aceitação de qualquer porcaria. Por outro lado, importa ter presente o paradoxo da tolerância de Karl Popper postula que a tolerância ilimitada cria um paradoxo porque degenera no fim da própria tolerância. Popper defendia que se a tolerância for ilimitada, ao ponto de abranger os intolerantes,a tolerância será destruída. Nas palavras do filósofo: "Devemos, por conseguinte, declarar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante". 
Perante isto, a tomada de posse de um ditador, assumido, só pode ser, pelo menos da parte dos democratas, o princípio de uma forte investida contra qualquer tentativa de coartar a democracia. É essencialmente isto.

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