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"Um país rico não pode ter trabalhadores pobres"

A frase em epígrafe foi proferida por Pedro Sánchez que anunciou uma subida no salário mínimo de 22%, a maior desde 1977. O que esta frase significa é, no essencial, o reconhecimento que o desenvolvimento dos países não pode ser feito à custa da disseminação da pobreza; o que esta frase tem implícito é o risco que as sociedades correm se deixarem essa pobreza grassar. Sánchez percebeu isto; Macron ainda não, embora, por força das manifestações dos coletes amarelos, tenha vindo a anunciar o aumento do salário mínimo em cem euros.
A pobreza hoje não se fica naquelas franjas mais fragilizadas da população, hoje essa pobreza toca e ameaça atingir o que é considerado a classe média. Os salários baixos, estagnados e sem perspectivas de aumentar, o desemprego e a precariedade, aliados ao constante enfraquecimento do Estado Social, está a acordar essa classe média, com consequências que os franceses vão começando a compreender melhor. Quem aproveita ou até certo ponto promove esse despertar é outra questão que merece também ela profunda reflexão.
Macron não percebeu nem percebe, talvez consequência da sua formação precisamente na banca, que de facto "um país rico não pode ter trabalhadores pobres", não só essa pobreza representa a antítese do desenvolvimento como potencia revoltas. De resto, Macron pertence aos  que apesar de terem criado uma crise viram-se a salvo da mesma, enquanto o ónus dessa mesma crise passou para os Estados e para as suas populações. Pensar que as pessoas esquecem isso é pura ingenuidade.

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