Eles, os líderes europeus, passaram anos ocupados com processos de
humilhação de Estados-membros acusados de não cumprirem as regras
draconianas impostas por países como a Alemanha. Eles, líderes alemães,
franceses, holandeses e quejandos passaram anos a apontar o dedo a
alguns Estados-membros, salvando bancos e deixando os cidadãos em
perfeita agonia, ignorando olimpicamente as causas da crise que deixara
de ser do sistema financeiro para passar a ser dos dívidas soberanas.
Alheio
ao facto acima descrito, Macron insiste nas mesmas receitas neoliberais
que estiveram subjacentes às humilhações que deixaram alguns políticos
tão entretidos. Alheio às necessidades do povo que governa, Macron
pavoneia-se como se não havendo pão, restassem os famigerados brioches.
Agora,
perante as maiores revoltas desde o Maio de 68 Macron mete o rabinho
entre as pernas e recua nas medidas que deram origem aos protestos.
No
entanto, e como é evidente, quem se manifestou tem outras
reivindicações que não se esgotam no aumento do preço dos combustíveis.
Por conseguinte, o mal-estar não cessará com a anunciado recuo. Os
problemas são incomensuravelmente mais intrincados.
Resta a
Macron jogar o arriscado jogo que consiste em encostar os franceses à
parede e que se pode traduzir pelo seguinte: ou eu (Macron) ou a
extrema-direita.
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