Os franceses continuam a sair às
ruas, munidos dos já mais do que famosos coletes amarelos, mesmo
depois de alguns recuos de Emmanuel Macron. Agora a palavra de ordem
é demissão. Muito bem. E depois? Quem está na linha da frente para
ocupar o Eliseu? Marine Le Pen? Estas são as questões centrais.
Quando as reivindicações redundam num clamoroso e uníssono pedido
de demissão, importa perguntar para quê; importa refletir sobre o
dia seguinte a essa demissão.
Para
já Macron reúne-se com sindicatos, patrões e autarcas, mas não
com a liderança ou líderes dos protestos porque não existirem. Mas
as cedências – a existirem mais para além das anunciadas –
nunca irão responderão, na totalidade ou perto dela, às exigências
de quem protesta. E depois?
De
resto, as políticas de Macron, à direita e limitadas pela moeda
única, não poderiam ter um desfecho mais feliz para o presidente
francês, o que não elimina as ditas grandes questões relacionadas
com o futuro da França, com a Marine Le Pen a espreitar o Eliseu.
Por
cá, naturalmente, há quem pugne por revoltas semelhantes,
agarrando-se a comparações fáceis e em larga medida absurdas, na
sua maioria sobre o custo de vida, como se os Estados fossem livres
de adoptar as políticas económicas que bem entenderem.
E
no caso português? O que resultaria dessas manifestações? Primeiro
algumas reivindicações satisfeitas e depois a demissão do Governo?
E depois? O regresso da direita? Qual direita?
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