Avançar para o conteúdo principal

Um Homem não muda o mundo

Vivemos tempos em que um Homem continua a não ser suficiente para mudar o mundo, mas em que um imbecil pode mesmo conseguir a proeza de mudar o mundo, para pior - incomensuravelmente pior.
Ficámos com a ideia de que um imbecil pode mesmo dar cabo do planeta com Donald Trump, agora, e para ajudar a reforçar a nossa tese, junta-se Jair Bolsonaro. Trump, mais que não seja por ter obrigado os EUA a sair do Acordo de Paris, fragilizando-o desse modo, demonstrou como um único imbecil pode mesmo dar cabo do planeta. Os graves incêndios na Califórnia vêm lembrar os efeitos das alterações climáticas, mas não a Trump.
Seja como for, agora junta-se outro, Jair Bolsonoro que venceu as eleições presidenciais brasileiras e que, entre uma multiplicidade de asneiras, prometeu sacar a riqueza que jaz por debaixo dos pés dos indígenas.
E se os últimos anos já haviam sido marcados pelos cortes nos apoios aos povos indígenas e pela proliferação legislativa com o objectivo de abrir as portas à indústria sequiosa por violar a Amazónia de todas as maneiras e feitios, a Amazónia, nestes anos que se avizinham, ficará a saque. A ver vamos se a Constituição brasileira, a mesma que protege partes da Amazónia, será suficiente. Temo que não.
Bolsonaro pertence àquele grupo, que tem vindo a crescer exponencialmente, e que orgulhosamente manifesta a sua ignorância aliada a uma indisfarçável boçalidade que não desagrada totalmente a alguns empresários atraídos por uma aparente fragilidade e convencidos da sua capacidade de manobrar estes tiranetes a seu bel-prazer, numa reedição precisamente do que já se passou em parte da Europa nos anos trinta.
No entender dos Bolsonaros e Trumps deste mundo as alterações climáticas, as políticas ambientais, o facto de nos encontrarmos prestes a atingir o ponto de não retorno e a ciência em geral são falsidades e exageros de intelectuais de esquerda.
Um imbecil pode mesmo dar cabo do planeta e a Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, única em biodiversidade, é demasiado importante para o planeta para estar nas mãos de um imbecil coadjuvado por outros imbecis e manipulado por quem tem como objectivo lucrar desenfreadamente.
Empresas que exploram minas, empresa madeireiras e grandes agricultores assistem a um novo e admirável mundo de oportunidades com a eleição de Bolsonaro. Entretanto, a devastação de grandes porções da Amazónia continua, ao ponto de alguns especialistas afirmarem que estamos à beira de, também neste particular, atingir o ponto de não retorno.
Pouca esperança restará aos mais de 800 mil indígenas - os grandes protectores da selva amazónica - que, ainda assim, prometem não ceder um milímetro na defesa daquilo que consideram ser a sua casa, mas que na realidade é a casa de todos nós, incluindo de todos os imbecis à face deste planeta.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...