Avançar para o conteúdo principal

Brexit: tapar um buraco incomensurável

Já há acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, depois de difíceis negociações entre o Reino Unido e Bruxelas. Theresa May, após cinco horas de exercícios de dialéctica, conseguiu convencer o Conselho de Ministros de que se trata de um bom acordo técnico (provavelmente o único possível). Aparentemente.
No entanto, terá ainda de convencer o Parlamento - tarefa que será particularmente difícil, visto que May não conta com apoios de peso nem no próprio partido. E o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, foi o primeiro a demitir-se, outros cinco seguiram-lhe. Dito por outras palavras: há acordo entre governo britânico e Bruxelas, o que deixou de haver é governo britânico.
O Brexit está a ser uma opção tão desastrosa que ninguém se entende e aqueles que o promoveram, puseram-se a milhas de distância desse cenário político, com a conveniente desculpa de que a sua tarefa havia terminado - puseram fogo à coisa e viraram as costas à destruição causada pela sua própria acção.
No pomo da discórdia estará a questão das fronteiras entre República da Irlanda e Irlanda do Norte, a par das dificuldades de se conseguir um entendimento em matérias como a finança, mobilidade dos cidadãos, etc.
Afinal de contas e como aparentemente alguns ainda estão a descobrir, o Brexit não foi, nem está a ser uma brincadeira de crianças.
De qualquer modo, se não houver acordo, regressará, ao que tudo indica, a possibilidade de uma saída "à bruta". Até 29 de Março as partes, sobretudo os britânicos, terão de encontrar uma forma de tapar um buraco de incomensurável dimensão.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa