Já há acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, depois
de difíceis negociações entre o Reino Unido e Bruxelas. Theresa May,
após cinco horas de exercícios de dialéctica, conseguiu convencer o
Conselho de Ministros de que se trata de um bom acordo técnico
(provavelmente o único possível). Aparentemente.
No
entanto, terá ainda de convencer o Parlamento - tarefa que será
particularmente difícil, visto que May não conta com apoios de peso nem
no próprio partido. E o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab,
foi o primeiro a demitir-se, outros cinco seguiram-lhe. Dito por outras
palavras: há acordo entre governo britânico e Bruxelas, o que deixou de
haver é governo britânico.
O Brexit está a ser uma opção
tão desastrosa que ninguém se entende e aqueles que o promoveram,
puseram-se a milhas de distância desse cenário político, com a
conveniente desculpa de que a sua tarefa havia terminado - puseram fogo à
coisa e viraram as costas à destruição causada pela sua própria acção.
No
pomo da discórdia estará a questão das fronteiras entre República da
Irlanda e Irlanda do Norte, a par das dificuldades de se conseguir um
entendimento em matérias como a finança, mobilidade dos cidadãos, etc.
Afinal
de contas e como aparentemente alguns ainda estão a descobrir, o Brexit
não foi, nem está a ser uma brincadeira de crianças.
De
qualquer modo, se não houver acordo, regressará, ao que tudo indica, a
possibilidade de uma saída "à bruta". Até 29 de Março as partes,
sobretudo os britânicos, terão de encontrar uma forma de tapar um buraco
de incomensurável dimensão.
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