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Merkel e o seu contributo para a consolidação da democracia europeia

Angela Merkel, considerada agora como liderando o grupo de grandes arautos da Europa democrática, anunciou o seu abandono do seu partido, CDU.
Ainda não tendo abandonado quer o partido, quer o próprio cargo de chanceler que, ao que tudo indica, é mesmo para levar até ao fim, já há quem lamente a saída da maior figura democrata da Europa recente.
Para a construção dessa imagem muito tem contribuído uma inacreditável falta de memória ou, uma incapacidade de relacionar as decisões tomadas, sobretudo na esfera económica, e um afastamento cada vez mais notório dos cidadãos relativamente aos políticos e aos partidos convencionais. 
Merkel e o seu governo, liderando uma Europa que continua a ser acéfala, humilharam Estados-membros da UE, empurrando-os ainda mais para a miséria, depois de anos e anos a despejarem nesses mercados o que se produzia na Alemanha, dando um forte contributo para o endividamento dos países que mais tarde viriam a ser alvo da humilhação.
Ora, neste contexto considerar a chanceler alemã como o melhor exemplo de democrata é simplesmente desonesto. A sua acção política, que contou com a participação central do inefável Schäuble, deu uma forte machadada no projecto europeu de democracia, ou alguém pode esperar que esse projecto subsista quando não existiu o mínimo de coesão? 
De resto, muitos almejaram uma Europa como antídoto contra as divisões e contra as ideologias mais nefastas. Merkel, ao contrário do que por aí dizem, não protegeu a Europa dessas investidas anti-democráticas, bem pelo contrário, ao humilhar, ao desprezar e ao cuspir em cima de alguns Estados-membros deu um forte contributo para o enfraquecimento do próprio projecto europeu.

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