O erro, o engano, a falta e a culpa
costumam vir acompanhadas pelo arrependimento e, porventura, por
pedidos de desculpa. Nada disso aconteceu no caso da deputada Emília
Cerqueira que, após o visionamento de imagens da Assembleia da
República, viu-se obrigada a vir a terreiro admitir que utilizou
“inadvertidamente” a password do deputado José Silvano – o tal
que que aparentava ter o dom da ubiquidade: o dom de estar em vários
sítios ao mesmo tempo.
Podemos
caracterizar este caso de diversas formas, mas dificilmente
conseguiremos escapar à arrogância que marca os protagonistas:
desde o próprio deputado José Silvano que sempre agiu como se não
devesse cavaco a quem quer que fosse; passando naturalmente pela
deputada que, depois de apanhada em flagrante delito, admitiu ter
utilizado a dita password, validando subsequentemente as presenças
do deputado ausente, mas sempre num tom de extrema arrogância;
passando pelo próprio líder do partido que, em tom de gozo e num
gesto de desrespeito para com os cidadãos, deu respostas em alemão
sobre este caso. O deputado, sobranceiro, deu parcas explicações
como se alguém lhe devesse o quer que seja; a deputada preferiu
recorrer a analogias com virgens, sem qualquer pingo de humildade,
insinuando que a denúncia veio precisamente do interior do partido;
o Presidente, Rui Rio, um arauto dos bons costumes quer na Câmara do
Porto, quer na campanha para as eleições internas do partido, fez
agora uma figura triste que não só lhe fica mal, como é uma
manifesta falta de respeito pelos cidadãos.
Por
conseguinte, a palhaçada e a arrogância não só estão
perfeitamente instaladas, como fazem escola lá para os lados da S.
Caetano. Mas essa palhaçada e essa arrogância são claros sinais de
um partido dividido, sem rumo e, com parte dos seus membros a sonhar
com o regresso do desejado Pedro Passos Coelho ou coisa similar.
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