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Passos Coelho: uma oportunidade perdida

Numa altura em que se exige que os democratas se insurjam contra as diferentes ameaças autoritárias, torna-se ainda mais evidente a importância de algumas palavras e de alguns gestos como a manutenção do apoio de Pedro Passos Coelho à candidatura à Câmara de Loures de André Ventura. Recorde-se que o inefável candidato pelo PSD à edilidade apostava num discurso racista contra um grupo étnico. Consequentemente, e nessa altura, tornou-se claro que Ventura era um populista em potência, para não dizer mais e ainda assim Pedro Passos Coelho manteve o seu apoio, pese embora o CDS, por exemplo, o tenha retirado.
Ora, uma das formas dos democratas combaterem a ameaça autoritária, venha ela sob a forma de um populismo aparentemente inócuo ou sob a forma de fascismo mais difícil de disfarçar, é precisamente retirar toda e qualquer forma de apoio. De resto, Mussolini e Hitler contaram com o apoio de políticos ou partidos seus contemporâneos, com os resultados conhecidos.
Por conseguinte, importa lembrar quem se posicionou do lado certo da História e quem, por mero calculismo político, se colocou ao lado de quem promove as divisões como forma de fazer política e de quem agora se apresenta com um novo partido com medidas como a castração química, o regresso às penas de prisão perpétua, à proibição constitucional da eutanásia ou à proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E como se sabe estas medidas constituem apenas a entrada, faltando o prato principal.

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