As quintas-feiras e restantes dias dos anos de presidência de
Cavaco Silva foram marcadas, como se percebe até pelos livros de sua
autoria, pela mais inexorável inexistência de autocrítica. Todos
erraram, uns aparentemente de forma mais artística do que outros,
excepto, obviamente, ele próprio.
Paralelamente a essa ausência de espírito de auto-crítica, Cavaco presta-se à triste figura de revelar conversas com terceiros, tidas como conversas de Estado e, por inerência, privadas. Ao invés, o ex-Presidente preferiu revelá-las sem qualquer espécie de pudor, acrescentando as suas considerações sobre as conversas e sobre os interlocutores.
Paralelamente a essa ausência de espírito de auto-crítica, Cavaco presta-se à triste figura de revelar conversas com terceiros, tidas como conversas de Estado e, por inerência, privadas. Ao invés, o ex-Presidente preferiu revelá-las sem qualquer espécie de pudor, acrescentando as suas considerações sobre as conversas e sobre os interlocutores.
O segundo volume das
"Quintas-feiras e Outros Dias" de Cavaco Silva mais não são do que mais
um exercício próprio de um ressabiado que não quer ou não está preparado
para ser esquecido; um exercício próprio de quem se tornou
absolutamente irrelevante, apenas reconhecido pelo seu espírito tomado pela ignomínia.
Na verdade, as quintas-feiras de Cavaco, as
actuais, obrigam o antigo Presidente, até pelo vazio incomensurável que
arrastam consigo, a lembrar e a revelar ao mundo as outras
quintas-feiras (e restantes dias) em que sentia o peso do poder, da
influência e da relevância, em que se sentia determinante, até ao dia do
nascimento de uma geringonça que o contrariou e arrancou de si próprio a
concretização de uma solução governativa. Nesse dia e nos seguintes,
Cavaco Silva percebeu que afinal as circunstâncias sorriem, jocosamente,
nas fuças do poder.
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