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Que bom que é ser popularucho

Marques Mendes não nos habitou propriamente à elevação dos seus comentários políticos que se se encontram invariavelmente entalados entre a mediocridade e a coscuvilhice. Mas não deixa de ser surpreende ver o quão pode este famigerado comentador sucumbir ao comentário popularucho. Vem isto a propósito da proposta de Medina Carreira, Presidente da Câmara de Lisboa, que sugeriu uma redução considerável do preço dos passes sociais, recorrendo para isso ao Orçamento de Estado. Marques Mendes insurgiu-se contra a medida alegando que a mesma iria implicar que o contribuinte de Bragança estaria a pagar os passes sociais de quem vive na área metropolitana de Lisboa. A robustez desta argumentação nem tão-pouco soçobrou perante a voz esganiçada do famoso comentador.
Ora, escusado será dizer que se abrimos essa caixa de Pandora, tudo, mas mesmo tudo, pode ser posto em causa.
No entanto, o recurso à artimanha popularucha, sobretudo se disfarçada de revolta, colhe junto daqueles prontos a explodir perante esta "verdade", que é a sua verdade, mas revelada por terceiros.
Quem bom é ser popularucho, embora se trate de um sentimento efémero que, no caso de Marques Mendes, não o leva particularmente a lado nenhum, para além daquela cadeira nos estúdios da SIC.
O Governo de António Costa estuda a possibilidade de alargar a medida proposta por Medina a todo o país. Esperamos que agora Marques Mendes sossegue, caso contrário, com tanta agitação, corre o risco de cair da cadeira.

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