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Centeno e as tristes figuras

Mário Centeno, Presidente do Eurogrupo, desperdiçou uma oportunidade para se dedicar ao tão precioso silêncio. Ao invés, o também ministro das Finanças português, destilou uma assinalável multiplicidade de ideias pré-concebidas que apenas reforçam uma ideia errada quer da Grécia que saiu do programa por défice excessivo, quer da própria UE, designadamente do conjunto de países que integram a zona euro e que se dedicaram não só a destruir um país, como dedicaram-se igualmente a um infindável conjunto de exercícios de humilhação desse mesmo Estado-membro.
A celebração encabeçada por Centeno é simplesmente ridícula. Não há nada para celebrar, antes pelo contrário, este deveria ser um momento aproveitado para reflexão da própria UE, isto se a ideia for ainda manter e consolidar o projecto europeu. De resto, a própria Grécia continua a viver um verdadeiro pesadelo sem que as instituições europeias demonstrem sequer um laivo de preocupação, apenas exercícios de auto-indulgência que ficam sempre mal, a quem quer que seja, mas sobretudo a quem ajudou a cavar, descaradamente, a sepultura do outro.
Paralelamente, Centeno, antes da viragem para o Eurogrupo, sempre se manifestou contra as políticas europeias, pejadas de uma austeridade que estranhamente tanta gente excitou, quer em relação a Portugal, quer em relação à Grécia. Agora, presta-se a esta triste figura. Acredito que Centeno não terá mudado de ideias, simplesmente terá também ele sofrido um “ajustamento”.

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