Santana Lopes veio agitar as águas já
por si revoltosas do PSD, desde a saída do grande líder Pedro
Passos Coelho e da presidência do inócuo Rui Rio. Uma
multiplicidade de vozes do PSD submergiram da também habitual
mediocridade para criticar a iniciativa de Santana Lopes. José
Eduardo Martins consegue mesmo afirmar que a dita iniciativa do
ex-candidato à liderança do PSD e ex- de praticamente tudo é uma
“salganhada ideológica”. José Eduardo Martins é a mesma pessoa
que já afiançou o seu apoio a Pedro Duarte, desafiador da liderança
do PSD.
Com
efeito, a intenção já manifestada por Santana Lopes e que aposta
no conservadorismo como ideologia não será tão desprovida de
sentido como eventualmente possa parecer. De resto, existe quem
procure avidamente esse conservadorismo e não o encontre nem no PSD,
nem tão-pouco no cristão CDS, cuja liderança não passa de uma
animação colorida sem qualquer espécie de conteúdo.
Na
verdade, pouco vêem com bons olhos a decisão de Santana de sair do
PSD para criar outro partido, um espaço político que, para todos os
efeitos, pode vir a representar uma ameaça ao PSD e ao CDS, apesar
desse espaço político, quase partido denominado Aliança, ser,
aparentemente e para já, irrelevante, pelo menos a julgar pelas
sondagens.
Mas
não é só no PSD que as críticas surgem em catadupa. O
recém-criado partido Iniciativa Liberal (IL) acusa Santana Lopes de
se aproximar aos novos movimentos europeus entretanto já próximos
do dito Iniciativa Liberal, assim como Santana Lopes é acusado de
copiar o programa partidário do IL.
Tudo
boas notícias para a “geringonça”.
Em
rigor, o sucesso da famigerada “geringonça”, não poderia passar
sem uma reação da direita. A confusão e as divisões da direita
são, obviamente, uma boa notícia para os partidos à sua esquerda.
Mas é sobretudo a ideologia que subjaz quer à futura Aliança de
Santana Lopes, quer à Iniciativa Liberal – liberalização de tudo
e mais alguma coisa, começando pela Segurança Social e Saúde –
que vem não só lembrar a importância de uma esquerda unida, como
pressionará PSD e CDS a endurecerem posições e adoptarem medidas
semelhantes às destes partidos que, para já, parecem
insignificantes.
Neste
contexto a “geringonça” reforça a sua importância, podendo
mesmo contar com estabilidade, coisa rara por estes dias nos partidos
à sua direita.
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