Não
se trata tanto de se pugnar por uma posição ou por outra no que diz
respeito à questão da eutanásia, menos da substância e sobretudo da
forma.
Numa
questão de escassos dias Partido Comunista e Cavaco Silva vieram
manifestar o seu repúdio por qualquer tentativa de legalizar a morte
medicamente assistida a pedido do doente. Ambos fizeram-no com
acentuado respeito pelo dogmatismo que domina as suas vidas e no caso
do PCP fica notória a ideia de que todos devem votar contra,
deixando de lado a possibilidade de existir alguma liberdade de voto.
Assim todos votarão em consonância com as ordens da hierarquia,
numa espécie de lembrete de que o colectivo amiúde anula qualquer
vontade individual. Na comunicação social pouco ou nada se falou de
liberdade de voto, talvez porque liberdade de voto e PCP simplesmente
não combinam.
O
PCP acusa ainda as propostas de constituírem um “retrocesso
civilizacional”, mas atirado pelo PCP torna-se dogmático – única
verdade sem admissão de crítica, a começar pela ausência de
liberdade interna.
E
talvez por se falar em dogmas e reacionarismo, Cavaco Silva, veio
também em defesa do sofrimento e do desespero daqueles que anseiam
por ultrapassar o último estertor. O ex-Presidente, à semelhança
do PCP, não introduz aqui qualquer novidade, chegando mesmo a
aconselhar todos, no próximo período eleitoral, a votarem contra os
partidos que votaram a favor. Cavaco dá assim aquele toque de
malícia a que também nos habituou
Em
suma, e de forma particularmente singela, quem tiver interesse em
saber mais sobre dogmatismo é perguntar ao PCP e se a pergunta for
colocada a Cavaco Silva ainda recebem um bónus sobre reacionarismo.
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