A
votação foi desfavorável aos quatro projectos de lei com vista à
despenalização da morte assistida.
A
discussão entre os deputados foi feita com elevação e com respeito
pelas posições adoptadas por cada um. De resto, o assunto não
merecia outra coisa, desde logo por se tratar de um assunto
particularmente sensível.
No
entanto e apesar do resultado, parece-me que esta questão voltará a
ser discutida, provavelmente numa próxima legislatura.
De
um modo geral e independentemente dos resultados, a discussão teve
outra virtude: a de perceber o quão alguns partidos estão agarrados
a dogmas e como esses dogmas se sobrepõem à vontade e à liberdade
de escolha de cada um. Mesmo que esses partidos tenham optado por vir
a terreiro apresentar uma linha de argumentação que fugia à
questão das escolhas e da liberdade de cada um, a verdade, desta
feita, não se escondeu.
A
ver vamos como é que, numa próxima ocasião, esses partidos,
designadamente o PCP, descalçará a pesada bota do dogma.
Para
já o assunto estará encerrado, pelo menos do ponto de vista
político. Noutras esferas e sobretudo no dia-a-dia a questão
colocar-se-á com cada vez maior relevância. Entretanto, aqueles que
têm uma fé cega na ciência (que terá, um dia, as respostas para
prolongar a vida sem sofrimento) e uma fé cega na religião,
alimentadas pelo sofrimento e pelos sacrifícios, festejam juntos.
Sim, é verdade: esta difícil discussão aproxima as pessoas mais
improváveis.
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