Avançar para o conteúdo principal

A fome de guerra

Donald Trump cumpriu mais uma das suas promessas bacocas, mas perigosa: sair do acordo firmado entre os cinco membros do conselho de segurança (e com a Alemanha) e o Irão com o objectivo de acabar com o programa nuclear iraniano em troca do fim das sanções. As vozes de vários líderes mundiais, designadamente de países próximos dos EUA caíram, obviamente, em saco roto. 
De resto, o facto do Irão, de acordo com o parecer de especialistas da agência nuclear, estar a cumprir o acordo e a colocar um ponto final no seu programa nuclear vale exactamente zero para o néscio Presidente americano.
Muitos ainda colocam a questão: porquê? Porquê ir contra tudo e contra todos? Porquê ir contra as evidências? Porquê ter como únicos aliados Israel e a Arábia Saudita? A resposta é evidente: a fome de guerra; a necessidade que a indústria do armamento - forte aliada de Trump - tem de uma guerra a sério. 
Por outro lado a Coreia do Norte com a aproximação histórica à Coreia do Sul e com o subsequente reforço dos laços com a China deixou de ser uma possibilidade. A Síria está nas mãos de Bashar al-Assad e de Putin, por muito que os mísseis americanos e israelitas caiam na zona, tudo indica que o poder de Bashal al-Assad, da Rússia e até do Irão está consolidado.
Sobra o Irão, inimigo americano desde a revolução dos ayatollahs. E qual a justificação? A do costume: o regime iraniano fomenta o "caos e o terror", considera os EUA um inimigo mortal e os EUA, como de resto é habitual, é que sabem o que é bom para o povo iraniano que não quer viver sob o jugo do regime. A arrogância de saber o que é bom para os outros - a nossa receita - repete-se depois do descalabro que foi o Iraque. E também neste particular os EUA têm provas (?) de que o regime iraniano continua a desenvolver tecnologia nuclear. Que falta de originalidade.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...