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Um sonho


A aproximação de António Costa a Rui Rio tem vindo a provocar excitação naqueles que sonham acordados com uma reedição do bloco central, com Francisco Assis à cabeça. As singelas imagens de Costa a sorrir ao lado do sempre sorridente Rio traz de novo esperança nessa reedição.
Com efeito, existem razões para alimentar esse sonho, não apenas pelas singelas imagens, mas sobretudo pelos pactos firmados entre o Governo e o maior partido da oposição. A confiança de Rui Rio é tal que fala abertamente de um acordo para a lei de bases da Saúde. Fica o desconforto visível nos partidos que apoiam esta solução de governo e o reacender da esperança de Francisco Assis e afins.
No entanto, e fazendo fé na sensatez de António Costa, a reedição de um bloco central pode muito bem não passar de um sonho. De resto, a actual solução política, apesar das dificuldades inerentes a um mundo de diferenças entre os partidos, não só tem funcionado, como chega mesmo a fazer escola para desgosto daqueles que utilizam o termo “geringonça”, de modo depreciativo.
Paralelamente, os parceiros mais à esquerda têm revelado serem confiáveis e fiéis – desbaratar esse capital seria um verdadeiro tiro no pé que destruiria uma solução que conta com o agrado dos cidadãos.
Ainda assim, importa que António Costa não se aventure excessivamente por terrenos escorregadios com aquele que, de forma sorridente, tenta esconder a sua periclitante posição no seio do PSD, procurando neste encosto ao PS uma espécie de solução que resulte no tão almejado estado de graça.

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