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Quanto mais se foge...

Marcelo Rebelo de Sousa, em visita oficial a Espanha, procurou fugir da polémica em torno da questão catalã, chegando a referir que não se deve falar "do que se passa em casa do irmão". O Presidente julgava ser possível fugir de uma das questões mais prementes na Europa.
Saiu-lhe o tiro pela culatra: nas Cortes Generales, os deputados independentistas cantaram "Grândola", deixando Marcelo sem reacção. O Presidente português falou, os parlamentares ouviram e no fim do discurso cantaram "Grândola, Vila Morena". Marcelo ouviu.
Este episódio é paradigmático da impossibilidade de se fugir a determinados assuntos. Com efeito, a causa independentista pode ter sofrido duros golpes, mas nem por isso se extinguiu. Muito pelo contrário.
O Presidente da República agiu em conformidade com a acção das instituições europeias: assobiam para o lado, procuram fugir à questão ou agem como se a questão nem sequer existisse. O tiro sai sempre pela culatra, como Marcelo, o homem dos afectos, respeitador da casa do irmão, bem constatou em Espanha.

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