Avançar para o conteúdo principal

Os compromissos externos

O actual Executivo, coadjuvado pelos partidos à esquerda do PS, representa uma incomensurável evolução sobretudo se compararmos com o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. Os exemplos são abundantes: a cessação de cortes nas pensões e salários, na reposição de rendimentos, na cessação de cortes nos pilares do Estado Social, na filosofia que repudia que a culpa da situação difícil pertence a cada um de nós, sabe-se lá porquê. 
Todavia, existem falhas, algumas delas clamorosas como é o caso da mais abjecta falta de condições para as crianças com doença oncológica no S. João no Porto. Injustificável dir-se-á, e no entanto é com facilidade que encontramos a razão que subjaz à tal falta de condições: os compromissos externos, o serviço da dívida, a Zona Euro, tudo a mesma coisa. E tal como já se disse neste mesmo espaço, contrariamente ao que se promove como ideia de futuro, os pilares do Estado Social continuarão a ruir, desta feita às mãos da esquerda, tudo em nome dos compromissos externos. Os compromissos externos e até uma declarada intenção de ir mais longe do que o estipulado.
Cabe sobretudo aos partidos que se encontram à esquerda do PS lutarem para que Saúde, Educação e Segurança Social nunca venham a ser os parentes pobres de um país que se quer pôr bonito para quem o visita e que tenderá a esconder as suas imperfeições. Deve ser essa a função de Bloco de Esquerda e do PCP desde logo para lembrarem a todos a importância de evitar uma maioria absoluta do PS nas próximas eleições, jamais abdicando de sublinhar a existência de situações que são prioridades absolutas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...