As relações laborais mudam a uma
velocidade vertiginosa, sobretudo com a “uberização” do
trabalho, com empresas disfarçadas de empresas exclusivamente
tecnológicas a operarem noutras áreas e a passarem todos os
encargos legais para o trabalhador, visto como “micro-empresário”
e não existindo o reconhecimento de vínculo laboral.
A proliferação destas empresas que
acarretam mudanças incomensuravelmente lesivas para os trabalhadores
parece difícil de parar. Embora outras formas de precariedade,
particularmente embutidas nas nossas sociedades, tenham vindo a
conhecer algumas mudanças positivas.
Por um lado, toda o caminho
legislativo com o objectivo de travar essa proliferação esbarra num
contexto económico desfavorável, de capitalismo selvagem, que se dá
perfeitamente com empresas desta natureza e que beneficia do
enfraquecimento das relações laborais que se verifica há pelo três
décadas. Por conseguinte esperar que seja pela via legislativa é
optimismo, o que não invalida, porém, o reforço do papel dos
cidadãos que podem escolher aqueles partidos que não desistem de
lutar contra as referidas empresas. E é precisamente o papel dos
cidadãos que tem de ser reforçado. Não existindo uma margem de
manobra significativa, ainda existem resquícios de livre-arbítrio,
o que pode originar escolhas que podem enfraquecer essas empresas, o
que poderá ainda resultar em mudanças a favor de todos nós. Ou
alguém considera saudável para qualquer sociedade a existência de
trabalhadores a viverem em contexto de acentuada precariedade? E
quando nos tocar a nós, qual será a nossa percepção? Talvez nesse
momento deixemos de escolher este género de empresa, mais não seja
porque a escassez de dinheiro dificilmente admitirá essas escolhas.
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