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A quem interessa uma guerra?

Depois da expulsão de diplomatas russos a pretexto de uma história muito mal contada envolvendo veneno e espiões russos em solo britânico, é agora a vez de, após a utilização de armas químicas na Síria cuja responsabilidade é atribuída a Bashar al-Assad, voltar a azedar as relações entre EUA (com França e Inglaterra) e Rússia, maior aliado do regime sírio. O inefável Presidente Trump fala em mísseis que vão a caminho da Síria, Macron, Presidente Francês, põe mais lenha na fogueira e May, aquela espécie de primeiro-ministra britânica, está inexoravelmente ao lado dos EUA dando os seus contributos para aumentar a acrimónia com a Rússia. 
A quem interessa a guerra? Aos três protagonistas acima indicados. Trump, investigado em casa, encontra na guerra a maior forma de desviar as atenções, paralelamente, a guerra é qualquer coisa que parece causar acentuada excitação no Presidente americano; Macron quer ser o líder francês a recuperar espaço e importância para uma França decadente há longas décadas; May,, depois do Brexit que a desorientou a par da elite britânica, procura fazer o mesmo do que a França - recuperar espaço e importância. São estas potências falidas a querer a guerra, sobretudo depois de Putin ter conseguido o domínio um importante país do Médio Oriente: a Síria. E depois ainda de esta ser também uma vitória xiita, com o Irão a sorrir com o desfecho dos acontecimentos, facto que causa um indisfarçável desconforto em países com tendências hegemónicas e sunita como a Arábia Saudita  - outro potencial elemento da coligação anti-Assad e por inerência anti-Rússia e anti-Irão.
O enviado especial da ONU na Síria já declarou que a guerra naquele país já vai para além do conflito nacional ou regional, sendo agora uma ameaça à segurança internacional. 
O que parece certo é que se Donald Trump coadjuvado pela França, Reino Unido e eventualmente Arábia Saudita, insistir em percorrer este sinuoso caminho da confrontação, a Rússia responderá em força e o mundo terá de viver um conflito bélico cujo o desfecho é, agora mais do que no passado desprovido de armamento nuclear, imprevisível. Tudo isto pode deixar-nos a pensar nas palavras de T.S. Eliot:

"This is the way the world ends
Not with a bang but a whimper".

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