Quinta-feira, dia de eleições na Catalunha, depois das semanas conturbadas que culminaram com a saída do país de Puigdemont e com a aplicação do famigerado artigo 155 que permite ao Governo espanhol tomar conta da região.
As sondagens valem o que valem - frase gasta, mas que contém em si um fundo de verdade. Ainda assim, tudo parece indicar que o sonho independentista não passará disso mesmo de um sonho.
A razão que se prende com essa hipotética derrota dos independentistas não passa, como muitos gostariam, pela a súbita fama da líder dos Ciutadans (Cidadãos) - amada pela comunicação social e que surge nas sondagens bem posicionada, sobretudo numa das últimas sondagens em que fica em primeiro lugar, tecnicamente empatada com a Esquerda Republicana Catalã.
A razão, ou conjunto de razões, prende-se antes com o velho e conhecido medo, medo de sair de Espanha e medo de sair da União Europeia; medo de mergulhar no desconhecido; designadamente medo das consequências da independência. Perante o medo a paixão esmorece, por muita intensidade que essa paixão possa ter. Essa é a razão: o medo. Tudo o resto é fumaça. No entanto, o problema da estratégia do medo é o seu carácter pouco duradouro associado a explosões de revolta que se podem tornar incontroláveis.
É evidente que a pressão exercida pelo Governo espanhol, com laivos de fascismo, intensificou essa sensação de medo, produzindo resultados que, mesmo em caso de derrota do movimento independentista, pouco claros no que diz respeito ao futuro. Para já, a independência da Catalunha pode permanecer um sonho. Para já.
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