Avançar para o conteúdo principal

Qual a melhor forma de afastar ainda mais os cidadãos dos partidos políticos?


A resposta à pergunta em epígrafe parece óbvia: aprovando, às escondidas, alterações à lei do financiamento dos partidos políticos, mudanças aprovadas a 3 dias do Natal, à porta fechada e sem divulgação de espécie alguma. 

E de que alterações estamos a falar? Ora, o projecto 708/XIII/3, aprovado com os votos favoráveis do PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP e PEV pressupões que deixe de existir um valor máximo para os fundos angariados para os partidos (sem alteração, porém, nos limites dos donativos privados) que estava estipulado nos 631,980 euros. Paralelamente, surge a isenção de IVA "na aquisição e transmissão de bens e serviços". Ou seja, a isenção de IVA junta-se às isenções conhecidas em matéria de IRC, IMI, Imposto de Selo, imposto sucessório, etc. 

Segundo a comunicação social, esta nova legislação resolve as dificuldades fiscais dos partidos políticos, pelo o que se compreende o raro consenso. Por outro lado, PCP, com a festa do Avante, e PSD, com o Pontal, conseguem assim mais espaço de manobra para explorar as respectivas festas e lucros.

É aqui que encontramos a forma mais fácil de afastar ainda mais os cidadãos dos partidos políticos, facto que seria provavelmente mitigado se existisse transparência na gestão destes delicados assuntos ao invés de fazer tudo às escondidas, o que fortalece a linha de argumentação de todos os que criticam a actuação dos partidos políticos, mesmo que essa linha ignore a importância dos partidos, a sobriedade que o debate implica, optando-se pelo populismo mais desregrado.
O facto é que na fotografia de grupo ficam quase todos mal, salvando-se o CDS, por imperativos que desconhecemos, mas sobre os quais desconfiamos, e o PAN. Pelo meio, perdeu-se a oportunidade de fomentar um debate político, deixando espaço a uma comunicação social que enceta debates em torno de manchetes sensacionalistas e factos amiúde inexactos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...