Carlos
César, Presidente do PS, em entrevista ao Público, afirma não
"querer ser confundido com uma pessoa do Bloco de Esquerda ou do
PCP", amenizando a frase com a ideia de que é do PS (uma
evidência) e que quer manter a sua identidade, salientando as
diferenças. Em suma Carlos César não quer confusões. Muito
provavelmente também ninguém no Bloco ou no PCP anseiam por ser
confundidos com pessoas do PS.
Todavia
e pese embora a frase possa soar, em larga medida, inócua, fica um
ligeiro rasto de uma outra ideia: a da existência de pessoas - já
que estamos numa de pessoas - pobres e mal-agradecidas.
Por
outro lado, não é de descartar a possibilidade de também existir
quem sinta saudades de um bloco central, onde os interesses confluem.
Convém, no entanto, não esquecer que esses ditos blocos centrais
têm contribuído fortemente para a ruína dos partidos socialistas
um pouco por toda a Europa, com a respectiva alienação da natureza
ideológica de esquerda dos ditos partidos socialistas.
Carlos
César seguramente saberá, até porque é por demais evidente, que o
PS não teria qualquer possibilidade de regressar ao poder se não
fossem as pessoas dos partidos de esquerda com os quais César não
quer ser confundido. Sendo certo que paira no horizonte um Rui Rio e
sendo isso factor para entusiasmo em alguns socialistas, com
Francisco Assis na linha da frente, importa ainda assim refrear os
preconceitos, mesmo perante uma verdade que incomoda e evocada por
Catarina Martins - a que postula que o PS está nas mãos dos lóbis.
Finalmente,
desconfiamos que os negócios andam por aí pouco satisfeitos com
esta solução governativa, mas será importante impedir que os
preconceitos se tornem demasiado evidentes, mesmo que disfarçados de
instinto de preservação de identidade. De resto, apenas faltam dois
anos para o fim da legislatura, prazo que muitos esperam seja o do
fim da agonia.
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