Avançar para o conteúdo principal

E agora Rajoy?

Apesar da vitória do Ciudadanos, Carles Puigdement acaba por ser o grande vencedor da noite eleitoral na Catalunha. A afluência às urnas nunca vista resultou na vitória dos independentistas que conseguem voltar a ter maioria absoluta no Parlamento, com o Juntos Pela Catalunha de Puigdemont a ter mais votos e a eleger mais deputados do que na eleição anterior. Os grandes derrotados da noite são Rajoy e o Rei de Espanha que tudo fizeram para liquidar as intenções independentistas dos catalães. De resto, o PP de Rajoy conseguiu um último e humilhante lugar.
E agora Rajoy? Depois de ter reprimido, colocado líderes políticos sob prisão e forçado eleições antecipadas na Catalunha, sempre com a sombra do artigo 155 da Constituição espanhola ainda assim a pairar sobre a região como uma espada de Dâmocles, o que sobra para além de um referendo legal sobre a independência da Catalunha? De resto, o Parlamento catalão está agora pejado de representantes eleitos pelo povo que defendem a realização de um referendo legal.
De qualquer modo, é muito provável que o Presidente do Governo espanhol se escude na legalidade para travar as tendências independentistas. O certo é que a intimidação e o medo apenas resultaram num reforço, carregado de legitimidade democrática conferida pelo voto soberano do povo, daqueles que pugnam por uma República da Catalunha independente.
E para aqueles que falavam numa maioria silenciosa de catalães pró-espanha resta muito pouco para argumentar - a clarificação que tanto almejavam está feita: o reforço de uma maioria pró-independência, num acto eleitoral que registou a maior afluência da história da Catalunha.
Estes resultados mostram sobretudo que a táctica da intimidação e da promoção do medo resulta, amiúde, no contrário do que era esperado. E agora Rajoy? O que resta?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa