Avançar para o conteúdo principal

E agora Rajoy?

Apesar da vitória do Ciudadanos, Carles Puigdement acaba por ser o grande vencedor da noite eleitoral na Catalunha. A afluência às urnas nunca vista resultou na vitória dos independentistas que conseguem voltar a ter maioria absoluta no Parlamento, com o Juntos Pela Catalunha de Puigdemont a ter mais votos e a eleger mais deputados do que na eleição anterior. Os grandes derrotados da noite são Rajoy e o Rei de Espanha que tudo fizeram para liquidar as intenções independentistas dos catalães. De resto, o PP de Rajoy conseguiu um último e humilhante lugar.
E agora Rajoy? Depois de ter reprimido, colocado líderes políticos sob prisão e forçado eleições antecipadas na Catalunha, sempre com a sombra do artigo 155 da Constituição espanhola ainda assim a pairar sobre a região como uma espada de Dâmocles, o que sobra para além de um referendo legal sobre a independência da Catalunha? De resto, o Parlamento catalão está agora pejado de representantes eleitos pelo povo que defendem a realização de um referendo legal.
De qualquer modo, é muito provável que o Presidente do Governo espanhol se escude na legalidade para travar as tendências independentistas. O certo é que a intimidação e o medo apenas resultaram num reforço, carregado de legitimidade democrática conferida pelo voto soberano do povo, daqueles que pugnam por uma República da Catalunha independente.
E para aqueles que falavam numa maioria silenciosa de catalães pró-espanha resta muito pouco para argumentar - a clarificação que tanto almejavam está feita: o reforço de uma maioria pró-independência, num acto eleitoral que registou a maior afluência da história da Catalunha.
Estes resultados mostram sobretudo que a táctica da intimidação e da promoção do medo resulta, amiúde, no contrário do que era esperado. E agora Rajoy? O que resta?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...