Os
partidos da direita, os que há muito perderam o rumo, procuram
alcançar ganhos políticos com tudo o que cheire a tragédia. Foi
assim com os incêndios e tem sido assim com os casos de legionella.
A conversa assenta invariavelmente no mesmo pressuposto: o Governo
PS, coadjuvado pelos partidos da "esquerda radical", não
conseguem garantir as principais funções do Estado relacionadas com
a segurança dos cidadãos.
Assim,
e tendo em conta que não existe outra estratégia que não passe
pelo aproveitamento da desgraça, PSD e CDS unem esforços e atiram
na mesma direcção. Tudo isto seria muito bonito não fosse o caso
destes partidos que agora estão na oposição terem levado um
elevado número de cortes nas funções do Estado. Ora, ainda assim
tanto um partido como o outro não se coíbem de apontar o dedo a
este Governo como se a austeridade até à morte não estivesse ainda
a colher vítimas, como continuará a fazê-lo, sobretudo em áreas
como a saúde.
Por
outro lado, ao PS pode-se apontar o dedo sim, mas com outro
fundamento: não estará a repor atempadamente o que foi retirado,
sobretudo no que diz respeito à salvaguarda de áreas relacionadas
com as funções do Estado. Mas como fazê-lo? Se sobre a cabeça
pende a espada de Bruxelas? A margem não será muita e a Europa
torcerá sempre o nariz a reposições, como já o faz no que diz
respeito a reposições de rendimentos. Ou se continua a cumprir as
regras draconianas europeias e haverá falhas no funcionamento do
Estado, ou deixa de se cumprir com as consequências que se podem
antever: olhe-se para a Grécia e ter-se-á um vislumbre do que nos
espera.
Entretanto,
fica o tal descaramento incomensurável de partidos que foram
responsáveis por cortes sem precedentes no funcionamento do Estado e
que agora vêm pedir responsabilidades a terceiros.
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