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Trump: um ano

Com a mais baixa taxa de aprovação dos últimos 70 anos, a rondar os 37 %, Donald Trump cumpre o seu primeiro ano de mandato. Um ano que, a julgar pelos aspectos negativos, é sentido como uma década de provação.
Um ano marcado por gaffes, fait-divers, palhaçadas e uma enorme prepotência conjugada por uma igual boçalidade; um ano marcado pela incapacidade em cumprir as mais emblemáticas promessas, designadamente o fim do Obamacare e o famigerado muro a separar os EUA do México; um ano marcado pelas estranhas relações entre a campanha de Trump e a Rússia, com graves suspeita de influência russa nas eleições americanas; um ano marcado pelo agravamento das divisões no seio da sociedade americana, com especial enfoque nas divisões raciais, e com o Presidente a fomentar essas mesmas divisões. Em suma, um ano em que não é possível destacar-se quaisquer aspectos positivos numa presidência que corre o sério risco de vir a ser considerada a pior de todos os tempos. Mas nada disto parece afectar o Presidente, cheio de si próprio, incapaz de sair de um registo de conflitualidade, coadjuvado por quem partilha consigo todo um mundo de mediocridade.

Um ano em que os EUA e o mundo saíram a perder. A democracia americana, desde logo, passou 12 meses terríveis e prepara-se para mais do mesmo ou ainda pior. Muitos caem na esparrela das divisões e das distracções, descurando o essencial: a América está perto do irreconhecível e as perspectivas não são animadoras, bem pelo contrário.

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