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Desesperadamente à procura de um líder

Depois de Passos Coelho anunciar que abandonaria a liderança do PSD, o partido procura desesperadamente um pai, perdão, um líder. Duas figuras do partido surgiram como candidatos: Pedro Santana Lopes, candidato da demagogia, com um passado antigo e marcado pela incompetência; e Rui Rio, candidato apologista do velho bloco central de interesses, também com um passado, não tão antigo, mas igualmente pouco recomendável.
Entretanto, e enquanto Passos Coelho ainda anda por aí, os membros do partido, sobretudo aqueles que sentem o peso da orfandade que se abateu sobre o seu partido, procuram disfarçar o já habitual vazio, agora amiúde acompanhado por doses assinaláveis de ansiedade.
Com efeito, os membros do partido, quase todos órfãos de Coelho, atiram-se ao Governo desprovidos de qualquer estratégia, que, por força das circunstâncias, seria sempre a prazo. Chumbam o Orçamento manifestando dificuldades em disfarçar o seu próprio vazio de ideias e propostas que caem amiúde no saco da austeridade; acusam o Governo de insensibilidade social, esquecendo o seu passado ignominioso; ensaiam críticas sobre a forma como Governo geriu as tragédias dos incêndios e da seca, mas deixam o CDS ultrapassá-los na pertinência dessas críticas; distribuem uns apaniguados de Passos Coelho pelos principais meios de comunicação social, mas estes mostram-se incapazes esconder quer a sua inépcia, quer a sua ansiedade.

Em rigor, o estado de espírito daqueles que fazem o PSD andará por baixo enquanto não se escolher um pai, perdão, um líder que, diga-se de passagem, quem quer que seja honrará, seguramente, a longa tradição de mediocridade a que este partido nos tem habituado.

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