Já com o sentimento de orfandade a perpassar o partido, o líder da bancada parlamentar do PSD acusa o Governo de estar a falhar onde o Estado não pode falhar. Vem agora isto a propósito do surto de "legionella" no Hospital São Francisco Xavier. Esta acusação não é inédita e foi exaustivamente repetida aquando da questão dos incêndios, sobretudo depois do pai Passos Coelho ter cometido um monumental erro ao ter procurado aproveitar-se de suicídios que nunca existiram no rescaldo de Pedrogão Grande.
O argumento único repete-se assim e repetir-se-á sempre que for possível, até porque não há mais nenhum. No entanto, tudo se desmorona quando procuramos aprofundar o tema, designadamente os porquês. As respostas acabam invariavelmente por fazer ricochete. No caso dos incêndios e para além da questão dos eucaliptos fortemente promovidos pela ex-ministra da Agricultura, Assunção Cristas, fica também no ar o enorme desinvestimento na floresta, mais um que se inseria no contexto da austeridade em doses cavalares tão defendida e aplicada pelo Governo PSD/CDS.
Agora no caso do surto da doença, e depois de se indagar um pouco pelos porquês, somos novamente confrontados com o dedo do PSD/CDS, desta feita em matéria legislativa que, segundo alguns especialistas, esvaziou a fiscalização tão necessária. É evidente que nada disto inviabiliza ou enfraquece a necessidade de se apurar cabalmente o que falhou no Hospital. Porém, as acusações proferidas pelos órfãos de Passos Coelho têm tido o condão de fazerem ricochete, chamando deste modo a atenção para a própria actuação do Governo do qual o PSD fazia parte.
Em suma, assistimos às contradições de um partido sem rumo, cuja orfandade chora a perda do pai, murmurando, esporadicamente, uma contradição ou outra.
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