Avançar para o conteúdo principal

A vontade política e os compromissos

A greve dos professores trouxe, uma vez mais, ao de cima as dificuldades que este ou qualquer outro Governo encontraria para corrigir esta e outras tantas injustiças. Todavia e contrariamente ao anterior Executivo, este tem na sua cartilha ideológica a vontade política de corrigir injustiças, pelo menos a vontade está lá, e a prova disso mesmo prende-se com a reposição de rendimentos que são apanágio do Governo de Costa, coadjuvado pelos partidos mais à esquerda. Esta é uma diferença fundamental: os recursos são parcos, os constrangimentos externos incomensuráveis, mas ideologicamente este Governo procura uma justa redistribuição de rendimentos, totalmente o contrário do que fazia o anterior governo. 
Com efeito, o Governo de Passos e Portas deram um forte contributo para o alargamento do fosso entre quem mais tem e quem pouco ou nada tem, fomentando desigualdades e injustiças que fazem parte da cartilha que seguem, nunca se coibindo de promover divisões entre os cidadãos, com especial relevo para funcionários públicos versus trabalhadores do sector privado. E este é todo um mundo de diferença.

O actual Governo tem procurado fazer o contrário e com resultados melhores, mesmo contando com a relutância e cepticismo da Europa. Todavia, é difícil ir mais longe na eliminação das injustiças sem exaltar os ânimos europeus - coisa que nem PS, nem o Presidente da República admitem como possibilidade. Deste modo, as ditas injustiças, muitas delas aprofundadas nos anos em que a troika excitava as hostes laranjas, continuarão a existir e o melhor dos cenários parece ser a possibilidade de não se verificar um aprofundamento dessas mesmas injustiças. Pelo menos para já torna-se intrincado traçar outro cenário.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa