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A natureza do PS

Ainda não tinha acontecido, verdadeiramente, mas a natureza do PS lá acabou por vir ao de cima, precisamente no dia da votação do Orçamento de Estado para 2018. Os secretários de Estado do Governo negociaram com o Bloco de Esquerda uma taxa que recairia sobre as renováveis. E estava tudo muito bem até os deputados do Bloco serem apanhados de surpresa em plena votação para o OE.
As justificações para esta quebra de confiança já começaram a surgir: uma indica que a medida afastaria investimento internacional - é que aparentemente os que investem nas renováveis também compram dívida portuguesa; outra justificação é de ordem jurídica e defende a tese de que o país acabaria nos tribunais internacionais com poucas hipóteses de vencer. Ou seja, Portugal não pode aplicar medidas justas e que teriam impacto na vida dos seus cidadãos, sob pena de afugentar o dinheiro dos investidores ou de acabar a perder nos tribunais - formas de chantagem profusamente usadas.
Mesmo considerando estes alegados obstáculos, o PS procedeu de forma errada, apalavrando um acordo que depois terá sido retirado à última da hora. Este mau precedente não comprometerá o acordo existente entre Bloco e PS, mas revela que a natureza do PS não pode ser dissociada do mundo dos negócios, talvez menos agora com este Governo, mas o mau princípio está lá e por vezes damos conta de que faz mesmo parte do Partido Socialista.

Espera-se, para bem desta solução política, que o Partido Socialista não repita a façanha e que procure formas de admoestar e controlar a besta do capitalismo selvagem e dos seus lobbys que há muito procuram tomar conta da sua alma.

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