O
debate do estado da Nação não foi brilhante para os partidos de
direita, centrados na ideia de enfraquecimento do Estado depois de
Pedrogão e Tancos. Em bom rigor ninguém estaria verdadeiramente à
espera de um discurso brilhante por parte de Passos Coelho ou de
Assunção Cristas, mas não era necessário plagiar, não era
preciso chegar a esse ponto. Mas foi precisamente isso que Passos
Coelho fez ao socorrer-se de passagens de um texto colocado por
Poiares Maduro no Facebook. Passos Coelho copiou oito parágrafos do
post do seu ex-ministro.
Dir-se-á
que esse facto não merece importância, que se trata de mais um
exercício de crítica pela crítica e que tudo ficou em casa, até
porque Poiares Maduro foi ministro do Governo de Passos Coelho. Os
seus apaniguados referem que se tratou de um contributo, e que
aparentemente é natural que esses ditos contributos prescindam de
qualquer referência ao nome do contribuidor.
Contudo,
importa relevar que criticar Passos Coelho não é um desporto
nacional. Trata-se antes de sublinhar a importância que os partidos
da oposição têm no contexto democrático. O país precisa de um
outro líder da oposição; o país prescinde de tanta mediocridade,
não necessita de alguém empenhado em aproveitar tudo politicamente,
incluindo hipotéticos suicídios; o país prescinde de tanta
mediocridade ao ponto de copiar pura e simplesmente o que não é da
sua autoria, sem sequer citar o autor. Este gesto do
ex-primeiro-ministro, por muito inócuo que possa aparentar ser, não
deixa de revelar toda essa mediocridade que inquinou a oposição,
inviabilizando os equilíbrios de que as democracias também se
alimentam. Não, criticar Passos Coelho não é um desporto nacional.
Nem tão-pouco é suficiente pedir mais do Governo enquanto se
esquece a importância dos partidos da oposição. A democracia só
tem a ganhar com esse escrutínio e com essa maior exigência. Passos
Coelho mostra estar manifestamente aquém do que se exige do líder
do maior partido da oposição. De resto, não se pode esperar muito
de quem anseia pelo Diabo.
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