Avançar para o conteúdo principal

Os números estão em cima da mesa. E agora?

Depois de semanas de aproveitamento indecoroso, partidos da oposição e parte significa da comunicação social ficaram sem conversa para alimentar polémicas em dias quentes de Verão, como forma de sobreviverem pelo menos até ao próximo período eleitoral.
Os números de vítimas mortais nos incêndios divulgados pela Procuradoria-Geral da República não comportam quaisquer surpresas, sendo os conhecidos e até avançados pela comunicação social. O PSD deixou cair o assunto, pelo menos a nível parlamentar.
No entanto parece surreal que se tenha passado tanto tempo em torno de especulações e teorias da conspiração, prestando-se alguns jornalistas às mais tristes figuras de que há memória. E afinal a montanha pariu um rato.
Quanto aos partidos cujas lideranças procuram a todo o custo sobreviver, ficou a ideia indelével de um aproveitamento político indecente, com a ameaças de moções de censura e ultimatos de 24 horas.
Mas desengane-se quem julga que os protagonistas destes tristes episódios baixarão os braços. O que está em causa é a própria sobrevivência de lideranças que têm subjacentes grupos ansiosos por salvaguardar as suas posição. É claro que o desespero tornou-se indisfarçável deitando por terra os resquícios de credibilidade que restavam.

E agora? Agora continuar-se-á a insistir nos falhanços, desta feita a propósito dos incêndios, imputados ao Governo. No entanto, ficam as seguintes questões: o que acontecerá aos jornalistas que pediram a demissão do Governo em consequência da polémica forçada dos números de vítimas mortais dos incêndios? Nada. O que acontecerá a Assunção Cristas que deixou implícita a ideia de uma moção de censura? Ou ao líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, ao exigir uma lista em 24 horas? Nada. Porque ter-se-á de esperar pelas eleições que se avizinham para se perceber o que acontecerá aos partidos da direita. E será o tempo a ditar o futuro sombrio de uma comunicação social alucinada e presa aos grandes interesses económicos que por sua vez são indissociáveis da direita.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecência...