Depois
de semanas de aproveitamento indecoroso, partidos da oposição e
parte significa da comunicação social ficaram sem conversa para
alimentar polémicas em dias quentes de Verão, como forma de
sobreviverem pelo menos até ao próximo período eleitoral.
Os
números de vítimas mortais nos incêndios divulgados pela
Procuradoria-Geral da República não comportam quaisquer surpresas,
sendo os conhecidos e até avançados pela comunicação social. O
PSD deixou cair o assunto, pelo menos a nível parlamentar.
No
entanto parece surreal que se tenha passado tanto tempo em torno de
especulações e teorias da conspiração, prestando-se alguns
jornalistas às mais tristes figuras de que há memória. E afinal a
montanha pariu um rato.
Quanto
aos partidos cujas lideranças procuram a todo o custo sobreviver,
ficou a ideia indelével de um aproveitamento político indecente,
com a ameaças de moções de censura e ultimatos de 24 horas.
Mas
desengane-se quem julga que os protagonistas destes tristes episódios
baixarão os braços. O que está em causa é a própria
sobrevivência de lideranças que têm subjacentes grupos ansiosos
por salvaguardar as suas posição. É claro que o desespero
tornou-se indisfarçável deitando por terra os resquícios de
credibilidade que restavam.
E
agora? Agora continuar-se-á a insistir nos falhanços, desta feita a
propósito dos incêndios, imputados ao Governo. No entanto, ficam as
seguintes questões: o que acontecerá aos jornalistas que pediram a
demissão do Governo em consequência da polémica forçada dos
números de vítimas mortais dos incêndios? Nada. O que acontecerá
a Assunção Cristas que deixou implícita a ideia de uma moção de
censura? Ou ao líder da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, ao
exigir uma lista em 24 horas? Nada. Porque ter-se-á de esperar pelas
eleições que se avizinham para se perceber o que acontecerá aos
partidos da direita. E será o tempo a ditar o futuro sombrio de uma
comunicação social alucinada e presa aos grandes interesses
económicos que por sua vez são indissociáveis da direita.
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