É escusado tentar dourar a pílula, o
que se passou em Tancos é inadmissível: o roubo de armamento numa
base militar de um país da NATO é preocupante, desconfiando-se
desde logo que se trata de um trabalho encomendado e que as armas já
nem estarão em Portugal. Quem fez este assalto conhecia as
vulnerabilidades que foram, inacreditavelmente, muitas.
E nem tão-pouco há outra forma de
dizer isto: o Estado falhou e falhou a todos os títulos numa das
suas competências elementares: salvaguardar o seu armamento.
Não sendo ainda possível aferir com
todo o detalhe o que falhou, não será de excluir ainda assim da
equação os incomensuráveis cortes que atravessaram todos serviços
do Estado. Resta avaliar o peso desta variável na equação.
Se por um lado, temos um Estado que
falha; por outro temos uma oposição desesperada. Incapaz de fazer
face aos bons resultados da actual solução política,
designadamente no que diz respeito ao contexto económico, e
incapazes de disfarçar o seu falhanço e a sua incompetência, a
oposição de direita agarra-se literalmente ao que pode. Pelo
caminho as manifestações descaradas de hipocrisia, como se nada
tivessem a ver com o que quer que seja, são profusas.
De resto, esta oposição age como se
viesse de um outro planeta onde a competência faz escola e as
consequências da austeridade, como modo de vida, nunca tivessem
existido.
Com efeito, um planeta que só
existiria naquelas cabeças se as mesmas fossem, de facto,
possuidoras dos recursos criativos para imaginá-lo.
E depois temos a cereja no topo do
bolo: Assunção Cristas, numa luta constante contra a sua própria
irrelevância pede demissões, enquanto tenta crescer – uma clara
impossibilidade.
Ficaria a frase para a posteridade, em
entrevista à SIC, não fosse a insignificância da líder do CDS:
“Um primeiro-ministro não pode ter curiosidade”. Profere a frase
quem, enquanto ministra da Agricultura e face ao problema dos
incêndios, rezava para que chovesse. O primeiro-ministro António
Costa escolheu o silêncio. Escolheu mal, a gravidade do que se
passou em Tancos merece mais; Cristas escolheu rezar. Nada mais a
dizer.
Comentários