Avançar para o conteúdo principal

O dia haveria de chegar

Envolto num manto de indisfarçável desespero, Passos Coelho haveria, mais dia menos dias, de se socorrer da comparação mais abjecta e despropositada: comparar António Costa a Donald Trump. E a propósito de quê haveria o ex-primeiro-ministro comparar António Costa a Donald Trump? A propósito da Altice, mais concretamente das críticas proferidas pelo actual primeiro-ministro à empresa que num ápice descartou responsabilidades sobre Pedrogão, arranja artimanhas para despedir trabalhadores e comprou um canal de televisão.
Segundo Passos Coelho as críticas de António Costa, no Parlamento, à empresa detentora da PT constituem razão suficiente para comparar o primeiro-ministro ao Presidente americano: aquela criatura grosseira e inane. Trump dirigiu criticas a uma empresa e por essa razão apresenta similitudes com António Costa. É este o raciocínio de Passos Coelho.
O desespero, sobretudo quando continuado, redunda amiúde no ridículo e é precisamente aí que podemos encontrar Pedro Passos Coelho. Espalhou-se com pretensos suicídios, passou por um plágio descarado e agora caiu no ridículo de fazer a comparação mais disparatada, e ainda assim não totalmente inesperada. Tudo no espaço de escassas semanas.

O antigo primeiro-ministro para além de não resistir à comparação mais bacoca, sentiu que as críticas de um primeiro-ministro a uma empresa como a PT, filha perfeita do capitalismo selvagem, eram absolutamente inadmissíveis. Afinal de contas há limites! Cortar em salários e pensões, arruinar o Estado Social, empobrecer o mais pobres e matar qualquer espécie de esperança no futuro teve de ser, era o melhor para o país e para as pessoas; agora criticar uma empresa que faz negócios manhosos e aposta tudo na precariedade e nos despedimentos, isso é que não! Que desfaçatez! Nunca se viu nada assim! Deus nos ajude!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...