As
negociações entre Reino Unido e UE com relação ao Brexit têm
início esta semana e esperam-se particularmente difíceis. E há
razões para isso, desde logo todo o processo quer das negociações
para a saída, quer a saída propriamente dita constituem um dos
maiores desafios tanto para o Reino Unido, como para a própria UE.
As
negociações assentam, para já, em três pilares: os direitos dos
cidadãos afectados pela saída do Reino Unido, as contribuições
financeiras devidas pelo Reino Unido e as questões fronteiriças.
A
postura da UE não será outra que não a de pouca ou nenhuma
flexibilidade, afinal de contas pretende-se fazer do Brexit o exemplo
do que significa um Estado-membro abandonar a UE. Todos já ouvimos
palavras fortes e intransigentes vindas dos principais líderes
europeus e agora não se esperam facilidades nas negociações. A
questão das contribuições financeiras será uma das mais difíceis
de ultrapassar com a UE a exigir do Reino Unido o pagamento de
milhões de euros após a saída e com Boris Johnson, ministro dos
Negócios Estrangeiros britânico, a afirmar que a UE "pode
esperar sentada" por esses pagamentos.
Do
lado britânico a falta de preparação para levar o Brexit a avante
é indisfarçável, o que dá vantagem ao lado europeu. Theresa May
nunca se mostrou preparada para uma tarefa hercúlea como a saída do
Reino Unido da União Europeia. De resto, poucos estarão preparados
para o mundo de incertezas e de burocracia que se avizinha.
A
União Europeia é, apesar de tudo, um espaço de união e os
britânicos nunca conheceram de perto o lado mais sombrio da UE,
mantendo-se com um pé dentro e outro fora da União. As relações
entre Reino Unido e a Europa são demasiado intrincadas para se
considerar que uma saída poderá ser fácil e sem custos.
Quanto
à boa ou má decisão dos britânicos, à medida que o processo se
desenrolar, todas as escassas dúvidas que restam se dissiparão,
dando lugar à ideia, particularmente difícil de contestar. de que
esta decisão de sair da UE é um erro monumental.
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