Confesso
que era minha intenção escrever sobre a oposição PSD/CDS,
designadamente a postura da oposição relativamente à questão de
Centeno e da CGD. Todavia, tudo se resume a três ou quarto
adjectivos para caracterizar essa postura e a própria oposição e,
por outro lado, existem assuntos mais prementes e relevantes.
Voltamos
assim à Administração Trump e às suas relações insidiosas com a
Rússia.
Por
um lado a demissão de Michael Flynn, Conselheiro Sénior para a
Segurança Nacional, depois de este ter mantido conversas ao telefone
com o embaixador russo sobre alegadas informações que não foram
convenientemente prestadas acerca de sanções à Rússia - uma
história mal contada que envolve novamente a Rússia. Flynn terá
alegadamente falado na reversão de sanções e da expulsão de 35
diplomatas russos decididas por Obama em consequência da ingerência
russa nas campanha para as eleições presidenciais.
Agora
o New York Times avança a notícia dando conta de que os serviços
secretos de informação americanos têm registo de uma
multiplicidade de conversas mantidas, durante a campanha, entre
colaboradores de Trump e agentes secretos russos, designadamente um
oficial sénior dos serviços secretos russos. Mais uma história
suspeita, depois da "ajudinha" que os russos deram à
campanha daquele que é hoje o Presidente dos EUA. Mais uma história
a envolver a Rússia, mais uma história que levanta questões sobre
os negócios que Trump mantém ou manteve com os russos; mais uma
elemento a juntar à estranha história que envolve Trump e a
chantagem russa, suscitada por um ex-membro dos serviços secretos
britânicos. Sabe-se também que as comunicações de que o New York
Times dá conta foram interceptadas na mesma altura em que se
descobriram provas de interferência russa nas eleições
presidenciais.
Trump
afirma que não tinha conhecimento das conversas mantidas entre Flynn
e o embaixador russo. Mas até quando Trump conseguirá sacudir a
água do capote? Não estaremos perante a ponta do iceberg? Não será
esta a forma que condenará este Presidente a um processo de
destituição? Aliás "impeachment" e "traição"
são palavras recorrentes quando se fala das estranhas relações
entre esta Administração e Putin.
Se
Trump estiver afinal colado a Flynn, com promessas, chantagens e
interesses económicos desta Administração e Putin, o escândalo
Watergate que resultou na demissão de Richard Nixon, acabará por
parecer uma brincadeira de meninos ao pé do que pode sair da
Administração Trump. De resto, um Presidente alvo de chantagens,
envolvido em negócios opacos com um país como a Rússia, vulnerável
por ser alvo de chantagem, não tem qualquer espécie de viabilidade.
É que de facto tudo isto tem um nome e não é bonito: Traição. E
tudo isto pode ter afinal um fim mais prematuro que se esperaria.
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