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Torcer para que tudo corra mal

Embora a actualidade internacional, nos dias que correm, acarrete um peso incomensurável, importa regressar a Portugal. E para dizer o quê? O óbvio: anda muita gente a torcer para que tudo corra mal - muita gente numa comunicação social agarrada aos interesses económicos e descredibilizada; muita gente dos partidos da oposição que, desprovidos de ideias, agarram-se também eles à ténue possibilidade do desgaste e eventual fim da solução política de esquerda.
O vazio de ideias é assim preenchido com azedume ou com a mais abjecta hipocrisia - Assunção Cristas, por exemplo, afirma agora que austeridade e os cortes foram longe de mais e que é necessário apoiar os serviços de saúde. Demagogia? Sim, em larga medida. Hipocrisia? Sem margem para dúvidas.
Para além das críticas hipócritas e do azedume, pouco resta para além da esperança de que tudo acabe mesmo por correr mal, nem que essa eventualidade acarrete custos incomensuráveis para o país. De resto, o país nunca foi a principal preocupação de partidos como o PSD e CDS, como ainda hoje essa é uma evidência com a trapalhada da TSU e eventos similares.

Ora, no cômputo geral temos um governo que, sendo apoiado por partidos de esquerda, no âmbito parlamentar, não pode esperar que esses partidos defraudem as suas identidades; um Presidente empenhado em ser garante de estabilidade, com mais ou menos episódios de hiperactividade; e uma oposição vazia, apoiada por uma comunicação social também ela inane, que aguarda pelo desastre para poder regressar ao poder. Sem nada para oferecer, para além do quanto pior melhor, a oposição vai vivendo à custa da ausência de alternativas internas, dos discursos vazios e da esperança do pior que estará - julgam eles - para vir.

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