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Agora é que tudo poderá correr mal

O mundo modifica-se a um ritmo estonteante, sobretudo com a tomada de posse de Donald Trump. Aquilo que conhecíamos como sendo alianças, acordos e entendimentos deixarão rapidamente de o ser. Mesmo no seio da NATO, países como a Turquia não escondem a proximidade com a Rússia, proximidade que, paradoxalmente, saiu reforçada com o assassinato do embaixador russo na Turquia.
Agora os EUA com Trump que não esconde a sua simpatia relativamente a Putin que, por sua vez, rejeita qualquer hipótese de ter dado uma mãozinha a Trump para que este fosse eleito. Putin e Trump serão bons amigos até porque têm em comum um amor inexorável pelo petróleo, não foi por mero acaso que Trump escolheu um homem condecorado pelos russos: Rex Tillerson.
Entretanto, Obama tinha reforçado a presença militar em países como a Polónia, não descurando os Balcãs, enquanto a Rússia vende caças MIG 29 à Sérvia mostrando a franca proximidade entre os dois países.
Ora, se a Rússia entendesse que podia alargar a sua influência quer em relação a países como a Polónia, quer em relação aos Balcãs, o que é que a impediria? Uma NATO cujos dois principais países - EUA e Turquia - são próximos de Putin? Um Reino Unido que desde o Brexit não sabe para que lado se há-de virar? Uma União Europeia sem capacidade militar que, ainda para mais, deixa de ter no seu seio o Reino Unido?
E, no entanto, tudo pode mudar num ápice e a Rússia passar ser vista como inimigo pelos EUA de Trump e de outros republicanos beligerantes. Por causa do Irão, entre outras divergências. Pelo caminho hostilizar o Irão não ajudará em nada a tão prometida luta desta Administração contra o Daesh. Confuso? É apanágio da Administração Trump e estão assim reunidos os ingredientes para uma receita desastrosa. O certo é que forças da NATO e tropas russas estão mais próximas umas das outras.

Agora tudo poderá correr mal e na verdade tudo acabará por correr mal quando assistimos a um Presidente americano errático, que despreza as liberdades, e que tem atrás de si um homem perigoso, com uma estratégia destrutiva: Steve Bannon, o mesmo que profetiza uma guerra, nos próximos anos, entre EUA e China.

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