Confesso
não ser particularmente adepta de listagens, compilações e estas
espécies de concursos, mas lá sucumbo à tentação de comentar a
palavra do ano até porque é daquelas que quem proferiu inicialmente
teve que assistir ao tiro sair pela culatra. De resto, sempre é
melhor "geringonça", mesmo que com a conotação negativa
que lhe é implícita, do que "miséria", "austeridade",
"cinzentismo" ou "culpabilização" que seriam
algumas das melhores palavras para descrever os anos de Passos Coelho
como primeiro-ministro.
Geringonça,
mas funcional, para grande desgosto de Passos Coelho e dos poucos
acólitos que lhe restam. Em fim de vida política, Passos Coelho vê
assim o ano começar com uma palavra utilizada para menosprezar a
solução política encontrada à esquerda, mas que se revelou ser,
afinal de contas, funcional - uma geringonça funcional. Lamenta-se
ainda assim a utilização claramente abusiva da palavra por parte de
uma comunicação social comprometida e alheia ao facto de andar a
cavar a sua própria sepultura.
Contando
com o beneplácito do Presidente da República que percebe o carácter
exequível da solução à esquerda, a dita geringonça lá vai
andando ao ponto de ser um sucesso dentro e fora de portas. Um
sucesso que se compreende, sobretudo se olharmos para a ascensão do
populismo que percorre toda a Europa e EUA. Um exemplo de
estabilidade que todos compreendem. Todos, menos Passos Coelho, os
seus parcos acólitos e uma comunicação social comprometida e
parcial e, desse modo, com os dias contados.
Comentários