Não
será difícil encontrar razões para elogiar a solução governativa
encabeçada pelo PS, mesmo com algumas contrariedades que, contas
feitas, são normais até nas coligações, quanto mais numa solução
engenhosa como aquela encontrada por PS, BE, PCP e Verdes. Desde logo
a filosofia subjacente à solução política merece os mais rasgados
elogios, refiro-me naturalmente à tentativa de repor salários e
pensões, acabando assim com os cortes acéfalos protagonizados pelo
aziado Passos Coelho e pelo seu séquito.
Contudo,
existe um calcanhar de Aquiles nesta solução, sobretudo no que diz
respeito ao próprio PS: a comunicação. O PS falha na comunicação,
designadamente no que diz respeito a medidas a serem tomadas e no
combate a uma direita que destila azedume, incapaz de se livrar da
mediocridade.
Esta
questão torna-se mais premente quando se percebe que a comunicação
e o combate político, mesmo estando o PS no Governo, são essenciais
para a prossecução das políticas. Exceptuando João Galamba, um
dos mais activos deputados do PS, resta muito pouco. Abre-se assim
espaço que a comunicação social convenientemente ocupa com imagens
e palavras incessantes e vazias de Pedro Passos Coelho e de Assunção
Cristas. PCP e BE, muito em particular o BE, mantêm-se activos no
campo da comunicação, isto apesar de viabilizarem a referida
solução política. BE e PCP percebem que, pese embora viabilizem o
Governo PS, necessitam de manter as respectivas identidades, o que os
leva a permanecerem activos no que diz respeito à comunicação.
O
PS, por sua vez, como partido de Governo, falha na defesa das suas
medidas. Não existe verdadeiramente um porta-voz, um rosto, que faça
o combate político, fora do Parlamento. Como se sabe o combate
político feito no interior da casa da Democracia é manifestamente
insuficiente.
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