Avançar para o conteúdo principal

Calcanhar de Aquiles

Não será difícil encontrar razões para elogiar a solução governativa encabeçada pelo PS, mesmo com algumas contrariedades que, contas feitas, são normais até nas coligações, quanto mais numa solução engenhosa como aquela encontrada por PS, BE, PCP e Verdes. Desde logo a filosofia subjacente à solução política merece os mais rasgados elogios, refiro-me naturalmente à tentativa de repor salários e pensões, acabando assim com os cortes acéfalos protagonizados pelo aziado Passos Coelho e pelo seu séquito.
Contudo, existe um calcanhar de Aquiles nesta solução, sobretudo no que diz respeito ao próprio PS: a comunicação. O PS falha na comunicação, designadamente no que diz respeito a medidas a serem tomadas e no combate a uma direita que destila azedume, incapaz de se livrar da mediocridade.
Esta questão torna-se mais premente quando se percebe que a comunicação e o combate político, mesmo estando o PS no Governo, são essenciais para a prossecução das políticas. Exceptuando João Galamba, um dos mais activos deputados do PS, resta muito pouco. Abre-se assim espaço que a comunicação social convenientemente ocupa com imagens e palavras incessantes e vazias de Pedro Passos Coelho e de Assunção Cristas. PCP e BE, muito em particular o BE, mantêm-se activos no campo da comunicação, isto apesar de viabilizarem a referida solução política. BE e PCP percebem que, pese embora viabilizem o Governo PS, necessitam de manter as respectivas identidades, o que os leva a permanecerem activos no que diz respeito à comunicação.
O PS, por sua vez, como partido de Governo, falha na defesa das suas medidas. Não existe verdadeiramente um porta-voz, um rosto, que faça o combate político, fora do Parlamento. Como se sabe o combate político feito no interior da casa da Democracia é manifestamente insuficiente.  


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma