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Almaraz

Importa reflectir sobre a existência de uma central nuclear obsoleta, a 100 quilómetros da fronteira, que viu o seu prazo de funcionamento ser alargado até 2020 (devia ter sido encerrada em 2010), por decisão do governo espanhol. Existem relatórios do princípio do ano de 2016 que dão conta da inexistência de garantias de um normal funcionamento do sistema de refrigeração da central nuclear de Almaraz.
E como se o prolongamento do funcionamento da central não fosse já por si inquietante, o governo espanhol prepara-se para construir um aterro para residuos nucleares na central de Almaraz, o que, como se sabe, levanta todo um novo mundo de inquietações. A decisão aparentemente já foi tomada, sem consultar sequer o governo português que já se manifestou contra a construção desse aterro até porque não foram tidos em linha de conta os impactos transfronteiriços. Tudo indica, pois, que a central está para durar.
Importa sublinhar igualmente que, em caso de desastre, para além da poluição atmosférica, haverá inevitavelmente a contaminação do rio Tejo com materiais radioactivos. Escusado será lembrar a ameaça que esta central, cujo prazo de funcionamento foi prolongado, repito, constitui para o território português.
A central de Almaraz tem um longo historial de problemas, sendo mesmo considerada a pior central nuclear em Espanha. Paralelamente, as inspecções realizadas na central concluem que a mesma deveria ser encerrada.
Espera-se pois, por parte do governo português, uma posição veemente contra a continuação de uma central que deveria ter encerrado há quase sete anos e contra a construção do aterro para lixo nuclear. As primeiras indicações, designadamente do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, são positivas, mas insuficientes. 
Recorde-se que esta central nuclear encontra-se a 100 quilómetros da fronteira. Uma bomba-relógio.


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