Avançar para o conteúdo principal

A vergonha dos paraísos fiscais

O ano de 2016 terminou oficialmente. 2017 não começa com particulares expectativas positivas, mas ao invés julga-se que muito piorará e muito ficará na mesma. De uma coisa podemos estar certos: a questão dos paraísos fiscais, mesmo daqueles localizados no seio da prestigiada União Europeia, é para continuar e, segundo um relatório da Oxfam a tributação a grandes empresas muito provavelmente deixará mesmo de existir.
No ranking dos 15 maiores paraísos fiscais encontramos proeminentes países como a Holanda, o Luxemburgo, a Irlanda e, claro está, a Suíça, entre outros. Destes, como se sabe, 3 que se estão no topo dos paraísos fiscais encontram-se na UE e na Zona Euro, por onde a austeridade andou a fazer as suas vítimas entre os trabalhadores, enquanto estes paraísos fiscais deram guarida a grandes fortunas, às maiores empresas do mundo e, por muito que diga o contrário, a dinheiro sujo e criminoso.
É evidente que enquanto uns não contribuem, há toda uma classe média que o terá de fazer, sob pena de não poder contar com estradas, serviços hospitalares, educação e por aí fora. O que é mais curioso é que são as populações de outros países, e não necessariamente os países onde existem esses ditos paraísos, a sofrer mais com as periclitantes receitas que o Estado necessita para fazer face às despesas. Também é curioso verificar que muitas empresas e particulares que fogem ao pagamento de impostos beneficiam das referidas estradas, educação ou serviços hospitalares, apenas para dar alguns exemplos. Sendo que nem todos os que habitam os ditos paraísos beneficiam igualmente de bons serviços públicos, designadamente fora da UE.

Ora, estas evidências têm tudo para se agravar, sobretudo agora que a viragem é à direita populista que não tem nem receitas, nem vontade política de mudar as coisas. Ou seja, a vergonha dos paraísos fiscais é para continuar e para piorar, enquanto países como a Irlanda, Holanda, Luxemburgo e Suíça ainda gozam de boa reputação.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma