Em
bom rigor, estava na altura do ministro das Finanças alemão falar
sobre as finanças de Portugal. Até esta simples frase causa
estranheza e incómodo.
Assim,
Shaüble, uma das figuras máximas da destruição europeia, afirma
que Portugal ia no bom caminho até à entrada em funções do
Executivo de António Costa.
Com
efeito, Passos Coelho e a sua ministra das Finanças já não tinham
língua, tal como Schaüble já não tinha rabo de tão gastos. A
capitulação, julgava o ministro das Finanças alemão, havia sido
completa.
De
repente, trocam-lhe as voltas: um governo socialista em Portugal
apoiado pelos partidos de esquerda qu,e não virando as costas às
regras europeias, tem conseguido contorná-las, devolvendo –
pasme-se! - rendimentos aos que haviam sido delapidados.
Contrariamente ao falhanço grego que tanto agradou a Schaüble,
Portugal apresentou uma solução exequível que não cai nos desejos
do ministro alemão.
É
evidente que viver de superavits – à custa quer das regras
europeias, quer dos Estados-membros – o terá habituado mal. É
claro que o pagamento à banca alemã (uma verdadeira e perigosa
farsa como se tem visto) de dívidas por parte dos Estados-membros
era essencial para a estratégia alemã. De resto, sabe-se que a
situação periclitante do Deutsche Bank não é de agora.
E
é precisamente sobre o maior banco alemão que deveriam recair as
atenções e preocupações do ministro Schaüble. Assim, como todos
nos deveríamos preocupar com o referendo italiano que se aproxima e
que pode por em causa quer a continuação de Matteo Renzi, quer a
própria permanência italiano na UE, ou até dedicarmos a nossa
atenção à questão dos refugiados.
Não.
A grande preocupação de Schaüble não é o Deutsche Bank, não é
a situação política italiana, não é a questão dos refugiados,
nem tão-pouco se prende com as derrotas que o seu partido tem
sofrido em eleições regionais e com a ascensão de partidos que
fazem lembrar outros tempos. As verdadeiras inquietações de
Schaüble estão relacionadas com Portugal e com António Costa.
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