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Num mundo de especulação

É sabido que a comunicação social, enfraquecida, embora paradoxalmente concentrada em grandes grupos económicos, aprecia sobremaneira a especulação. De um modo geral, a especulação tornou-se mais importante do que a própria informação - propósito dos órgãos de comunicação social.
No caso da cobertura feita à actual governação essa dita especulação implica a projecção invariável dos piores cenários e o Orçamento de Estado para 2017 não poderia, naturalmente, ser excepção. 
Assim, anuncia-se o diabo sob a forma de impostos ou um demónio qualquer sob a forma de ataca à classe média - a mesma classe média com património com valor tributário acima dos 500 mil euros. E torce-se sobretudo para que as esquerdas se desentendam. 
Na verdade, até se percebe esta postura da comunicação social, afinal de contas, alguém tem que dar uma mãozinha, sendo que a oposição não consegue ultrapassar a tão longa ausência do diabo. Resta uma comunicação social que sempre desconfiou desta solução política até porque a mesma não é a ideal para quem chafurda no capitalismo mais selvagem.

Para além da especulação e, quando o OE2017 for apresentado, nada será feito sem a desconfiança e empolamento do costume, com os Gomes Ferreiras na linha da Frente dizendo que assim não se cumprirão as metas do défice enquanto se faz um ataque à classe média. E lá nos vamos habituando à ladainha do costume.

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