O
passado recente é indelevelmente marcado por incomensuráveis
aumentos de impostos, cortes injustos em salários e pensões,
aumento das desigualdades, não cumprimento das metas orquestradas
com Bruxelas e orçamentos retificativos atrás de orçamentos
retificativos, sem que se fizesse uma tempestade que, no caso em
apreço, não seria propriamente num copo de água, mas talvez num
garrafão de cinco litros.
Dizia-se
que era inevitável; acrescentava-se que o país era o culpado e
tinha de pagar pelos seus erros; alegava-se que o responsável
político pela desgraça – o único – era José Sócrates e que
Pedro Passos Coelho tinha a ingrata tarefa de endireitar o país.
Entre mitos e mentiras clamorosas tudo passou mais ou menos incólume.
Agora,
com António Costa, suportado pelos partidos de esquerda, é sempre
uma tempestade num copo de água. Falta entregar um documento, o que
implica de imediato a presunção de que o Governo está a esconder
alguma coisa. Bruxelas pede esclarecimentos, o que significa que o
OE2017 é uma desgraça; Catarina Martins apresenta uma respiração
mais pesada ou Jerónimo de Sousa está com tosse, tudo sinais de
desconforto entre os parceiros desta solução política.
Claro
que a longa ausência do Diabo obriga a um esforço suplementar por
parte da comunicação social, até porque entre um fugitivo, um
assalto ou a última peripécia de um jogador de futebol, importa
falar-se mais a sério, de política, se possível, fazendo-se a já
habitual tempestade num copo de água. Pelo menos sempre que se fala
do actual Governo.
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