A
manifestação dos taxistas acabou por ser indelevelmente marcada por
actos de violência que mais não fizeram do que liquidar qualquer
espécie de argumentação. Todavia, isto não significa que a Uber e
empresas similares representem um bom exemplo para o mundo, bem pelo
contrário, a Uber e empresas similares são sinónimo de ausência
de direitos laborais e contratuais e um dos maiores exemplos de
precariedade.
Infelizmente,
a luta dos taxistas, quer pelo seu carácter visceral, na pior
acepção da palavra, quer pela natural defesa exclusiva daquilo que
consideram iniquidades que recaem sobre a classe, passa ao lado da
verdadeira natureza da Uber e da transformação das relações
laborais. A verdade é que empresas que agem na mais absoluta
ausência de direitos laborais estão a mudar o paradigma. Se estas
empresas vingarem, pouco resta à parte mais desprotegida das
relações laborais: os trabalhadores. Paralelamente à questão dos
taxistas que infelizmente mostram-se incapazes de argumentar,
recorrendo amiúde a formas de protesto pouco consonante com o Estado
de Direito democrático, existe todo um mundo de precariedade que
empresas como a Uber trazem. Esta é uma discussão que tem sido
frequentemente esquecida. Tudo ficará resumido à boçalidade de
alguns.
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