A
resposta é inequivocamente afirmativa, pelo menos para o novo governo inglês, mesmo sabendo que este é um recurso
primário e ineficaz na contenção de migrações, fomentando antes
o ódio e acentuado a preponderância de uns relativamente a outros.
À
semelhança de outros países, o Reino Unido prepara-se para
construir um muro, neste caso no norte do porto francês de Calais. O
objectivo: travar o fluxo de refugiados, designadamente aqueles que
atravessam o Canal da Mancha de camião.
Sabemos
que a questão dos refugiados e dos imigrantes são indissociáveis
do Brexit. Não podemos esconder, e não seria sério fazê-lo, que
existem particulares dificuldades no acolhimento de quem foge da
guerra, da perseguição de déspotas ou da miséria, sobretudo
quando as diferenças culturais são chamadas à colação.
Não
possuo soluções milagrosas. Vivo antes a dualidade
humanismo/realismo, ou seja considero impreterível o salvamento e
acolhimento daqueles que fogem da morte, mas não ignoro as
dificuldades que os países de acolhimento acabam por atravessar,
precisamente quando esse acolhimento é de monta e quando as
diferenças que, por muito relativizadas que possam ser, tornam-se,
amiúde, evidentes. Por muito que exista a tendência para cair nesse
relativismo, a verdade é que esta postura também nada contribui
para a procura de soluções.
De
qualquer modo, não vejo como é que a construção de um muro pode
ser seriamente considerada uma solução. Em rigor, a posição do
Reino Unido não é propriamente surpreendente, afinal de contas, as
respostas que deveriam ser comuns a toda a Europa estão muito longe
de existirem e a nova primeira-ministra quer agradar àqueles que
escolheram o Brexit por esta razão.
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