Avançar para o conteúdo principal

Será que alguém ainda acredita que um muro é a solução?

A resposta é inequivocamente afirmativa, pelo menos para o novo governo inglês, mesmo sabendo que este é um recurso primário e ineficaz na contenção de migrações, fomentando antes o ódio e acentuado a preponderância de uns relativamente a outros.
À semelhança de outros países, o Reino Unido prepara-se para construir um muro, neste caso no norte do porto francês de Calais. O objectivo: travar o fluxo de refugiados, designadamente aqueles que atravessam o Canal da Mancha de camião.
Sabemos que a questão dos refugiados e dos imigrantes são indissociáveis do Brexit. Não podemos esconder, e não seria sério fazê-lo, que existem particulares dificuldades no acolhimento de quem foge da guerra, da perseguição de déspotas ou da miséria, sobretudo quando as diferenças culturais são chamadas à colação.
Não possuo soluções milagrosas. Vivo antes a dualidade humanismo/realismo, ou seja considero impreterível o salvamento e acolhimento daqueles que fogem da morte, mas não ignoro as dificuldades que os países de acolhimento acabam por atravessar, precisamente quando esse acolhimento é de monta e quando as diferenças que, por muito relativizadas que possam ser, tornam-se, amiúde, evidentes. Por muito que exista a tendência para cair nesse relativismo, a verdade é que esta postura também nada contribui para a procura de soluções.
De qualquer modo, não vejo como é que a construção de um muro pode ser seriamente considerada uma solução. Em rigor, a posição do Reino Unido não é propriamente surpreendente, afinal de contas, as respostas que deveriam ser comuns a toda a Europa estão muito longe de existirem e a nova primeira-ministra quer agradar àqueles que escolheram o Brexit por esta razão.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...